"Um dia o peito desenferruja e a gente abre mão do que há de vir" (Gabito Nunes)

terça-feira, 22 de março de 2011

Há um motivo


Só tenho que ter o cuidado, de que se você disser “Venha”, eu não saia correndo. De que eu me mantenha forte e consciente ao teu lado. De que eu controle meus instintos, que não conhecem o que são feridas, nem lembranças, nem saudades. De que eu me congele; não ouça, não sinta e não veja nenhum traço miserável de esperança, que já é morto sem ao menos existir, eu sei o que digo, acredite.
E por que ainda gastar os dedos, escrevendo uma história como essa? Nem foi história, na verdade, porque nem chegou perto de acontecer, exceto no interior de mim mesma, de mim mesma idiota.
Não sei para que serve a memória, se não pode ser usada para trazer alguns fatos ao presente. No meu caso, a sua função é cutucar meu bem-estar atual, injetando uma tal de nostalgia, inevitável, ao atingir corrente sanguínea, mas nem reclamo, o organismo acostuma com o tempo.
Então é só desperdício, de tempo, de energia e de dedos. Mas até que faz bem, desengarrafar os pensamentos, destrancar o coração. Então não há nada de errado com isso, há até um motivo. Já é o suficiente.

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