"Um dia o peito desenferruja e a gente abre mão do que há de vir" (Gabito Nunes)

terça-feira, 19 de abril de 2011

Acordos de Paz

Acordei mais tarde hoje, não que estivesse cansada, mas nada me atraía para levantar. Nem o bolo de laranja com cobertura de chocolate em cima da mesa, nem o sol que já brilhava alto, nem o rádio ligado desde que havia ido deitar. Na verdade, o quarto relativamente escuro servia de escudo a tudo que estava lá fora, roupas sujas, obrigações, pessoas e decepções. Então era tão cômodo ali, e seguro também. Nada poderia me ferir...
Quase intocável, a não ser pelo lençol amarelo e pelo travesseiro quase velho, mas que confortava corpo e alma. E a solidão tem seu lado doce afinal. Você se encontra cara a cara com o seu eu, pra acertar certas questões que te incomodam. Faz bem, digamos assim. Entretanto, não deve ser eternamente longa. Deve seguir proporcional à sua necessidade de se resolver consigo mesmo e firmar acordos de paz em guerras dentro do seu próprio ser.
Uma manhã na cama, em um quarto relativamente escuro, afundado em seu travesseiro quase velho, ou novo, não é perda de tempo, não quando você resolve marcar um encontro com você mesmo, pra resolver seus grandes probleminhas e pra chegar a acordos diplomáticos, pelo bem geral do seu coração.

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