"Um dia o peito desenferruja e a gente abre mão do que há de vir" (Gabito Nunes)

domingo, 17 de abril de 2011

Menino

Ele não sabia precisar o motivo de estar ali, na minha frente chorando como menino que ralou o joelho. Só me dizia que se fosse esse o motivo, não estaria doendo tanto. Não consegui dizer mais do que “O que houve?”, e nem fazer nada além de segurar firme a sua mão. Já era difícil sustentar meu próprio mundo. Nessa hora, sustentava o dele também. Não que não fizesse isso com toda a ternura que merece, mas é que aquilo não estava sendo fácil nem pra mim. Ver seu sorriso, sempre tão aceso, apagado entre soluços e afogando-se em lágrimas, era algo realmente deprimente. E eu mal sabia o que se passava, quanto mais o que deveria fazer. Não lembro quanto tempo ficamos daquele jeito. Até agora nem sei o que aconteceu realmente. Mas, quando ele foi embora, me abraçou e disse que se sentia bem melhor, respirava mais calmo minha confiança de que as coisas ficariam bem, e de que nada era tão ruim o quanto parece. Conseguiu até sorrir um meio sorriso, mas que já serviu para aliviar a atmosfera pesada cercando meu coração, e para iluminar um pouco as últimas horas do longo dia.

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