Observou a luz fraca que vinha da sala e se perguntou se deveria bater. Estava um pouco frio, e já era tarde, melhor voltar outra hora... Como se tivesse adivinhado, a garota abriu a porta ao primeiro passo que ele firmava no sentido contrário. Estava realmente surpresa, mas conteve de leve o sorriso.
-Que faz por aqui?
Ele pensou se deveria ser sincero, ou inventar qualquer coisa. Procurou nos bolsos da camisa e da calça, mas não encontrou coragem alguma. Ficou com a segunda opção.
-Pode emprestar alguns fósforos?
Ela juntou as sobrancelhas, e um sorrisinho formou-se em tom de frustração no seu rosto corado.
-Claro, entra...
Estendeu-lhe uma caixinha minúscula, metade vazia.
Aparentemente já tinha o que queria, e poderia assim, agradecer e ir embora. Mas não estava satisfeito, na verdade, nem ela.
Como se quisesse uma chance para prolongar a conversa, a garota ofereceu-lhe um café.
-Sem açúcar, por favor.
Enfim, já não havia a necessidade de se dizer mais nada. Aquele momento já bastava, e falava por si só. Tanto que amanheceu, e a caixa de fósforos nem saiu da casa dela.
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