"Um dia o peito desenferruja e a gente abre mão do que há de vir" (Gabito Nunes)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Final de domigo


Seu corredor quer me levar, e eu só quero que você me peça pra ficar. Hoje eu quero descansar em paz, no teu colo quente, nesta manhã de domingo e aproveitar o cheirinho de novo da tua camisa verde. Quero gastar o tempo na tua boca até as cinco da tarde, que é quando você diz que é melhor me levar pra casa, senão fica tarde. E te fazer ir devagar, o mais devagar possível, pra olhar pro pôr-do-sol e pra parar pra um sorvete. E te pedir pra entrar, pra não perder o costume, e te ouvir dizer “Só dez minutos”, pra não perder o costume. E ver os dez minutos passarem-se em duas horas longas com massagem na nuca. E ouvir sua voz igual a canção de ninar, de você prometendo voltar. E segurar seu dedo mindinho acreditando em cada palavra, mas sabendo que essa noite não vou dormir de forma alguma, porque quando você sai meu pensamento vai junto e dorme contigo à dois quilômetros de mim. E ficamos eu e um buraco. Um buraco de muita-falta no travesseiro do lado. Se você ficasse aqui comigo, minha mente não me deixaria, mas acabo por perdê-la desse jeito. E desisto do sono, que é perca de tempo, vou ver TV que ganho mais.

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