Nem precisa fingir que eu não estou aqui, você sempre fez isso muito bem. Estamos tão calados que o silêncio passa vergonha.
Não me custaria nada ir até você e beijar sua bochecha áspera pela barba mal feita, mas eu sei que você não sairia do sofá onde está afundado desde que começou o Didi a mais ou menos três horas pra vir até mim e me olhar nos olhos que fosse. Então fico eu no meu canto, você no seu.
Uma hora você vai cansar de mim e enjoar das minhas paredes amarelo mostarda. Então você vai sair pela minha porta, e o máximo que me dará será um sorriso forçado de agradecimento por todos os chás de cidreira, cafunés, e horas gostosas. E eu vou chorar, pois nenhum fim é agradável, a rotina muda, e o medo de “o que será agora” aparece com a primeira chuva de verão, pra lavar toda nossa história e me deixar pronta pra um novo começo.
Enquanto isso não acontece, devo admitir que me contenta a realidade, de você quieto, mas aqui. Sempre meu, tão meu. Até que minhas paredes enjoativas sejam demais pra você.
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