"Um dia o peito desenferruja e a gente abre mão do que há de vir" (Gabito Nunes)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O silêncio gritante, que éramos "você e eu"...

Fica aí me olhando com essa cara… Cara de quem não tem nada pra dizer mesmo. Finjo cantarolar a música “Beautiful Day” (só por ironia), só pra que o silêncio ensurdecedor não se torne um silêncio mortal. Enquanto você folha um jornal com um ar de interessado eu arquiteto na minha mente imaginária-demais a cena “O que aconteceria se eu dissesse tudo o que gostaria de dizer”. A cena começa com você calado, olhando pra um canto escuro da sala, enquanto digere minhas “doces” palavras, e eu me sinto como alguém que estava passando mal em um ônibus e pisa em terra firme, alívio imediato. De repente você levanta e ajoelha-se na minha frente, fita bem meus olhos e envolve minha mão esquerda como se ela fosse um bebê. Você diz que sente muito, e que faria qualquer coisa pra que tudo voltasse a ser como era antes. Eu digo que te amo. Você abre os braços pra que eu afunde em seu abrigo que me parece tão seguro. Quando minha pele toca na tua, a cena interrompe-se com um comentário fora de hora, pra me tirar do meu estado de conforto e voltar ao silêncio gritante, que éramos “você e eu”. Você abre a boca pra comentar como sente pena das vítimas no RJ, como se tivesse acabado de ler uma longa reportagem sobre o assunto. Decepção. Eu bem sabia que o jornal era do mês passado.

Um comentário:

  1. Por conta e risco, acrobacia, de uma conquista que surgiu da exposição. (8)
    Thaaat's good :D:D:D

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