"Um dia o peito desenferruja e a gente abre mão do que há de vir" (Gabito Nunes)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Evitar certas coisas


Tá ainda aí? Pensei que já tivesse desistido de ficar aqui. Pensei que já tivesse cansado dos meus chiliques e do meu leite quente com canela. O que te faz ficar? É medo de ser só? Ou medo que eu não devolva suas roupas que estão no meu armário? Não me preocupo com elas, faria toda questão de devolvê-las.
Sei que já foi dito tudo. Você já se desculpou e me beijou um beijo morno. Mas é que se essas coisas não acontecessem, nós nunca teríamos que nos perguntar se por acaso perdemos um ao outro. Eu seria sua, você seria meu, não haveria dúvidas. Não conheceríamos motivos pra chorar e seríamos felizes aqui no nosso apartamento de um quarto e sala-cozinha.  
Não fosse por isso, ficaria meu dia inteirinho afundada no seu abraço de perfume cítrico. Esqueceria dos problemas acumulados do lado de fora da porta. Não sairia nem pra comprar pão. Toda segunda seria domingo e eu abandonaria meus catálogos da Avon.
Mas como somos bobos e não sabemos evitar certas coisas, seus braços estão ocupados apoiando um jornal, meus problemas têm a chave da casa, o pão acaba toda noite, domingos são sempre segundas e meus catálogos da Avon não saem de cima da mesa de centro.

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