Amar acontece. Aquele que ama, desafia todo dia a lei que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, tanto que se pudesse, faria do corpo do outro sua própria casa. A vontade de estar junto por vezes é encarada com mais importância do que alimentar-se, vestir-se ou dormir. O amado vira fonte de recarga de energias, vira oxigênio, vira meio de transporte. Romantiza-se um bombom, uma música tosca, um bom dia de olhos com remela. Aquele que ama, conhece todos os conceitos de saudade, sente todos, e até cria novos. Sente falta da sua casa bagunçada, da louça sempre suja e da melhor vitamina de banana do mundo. Aquele que ama, vira voluntário do programa carência zero do amado, se doa, e não quer nada em troca. Dá flores, chocolate, liga todo dia às seis da tarde, fica cheio daquelas frescurinhas de casal apaixonado. Mas vai dizer que não é bom? Que não é uma delícia um beijo com gosto doce, que um bilhetinho na geladeira não faísca o coração, que jantar a dois, mesmo sendo o vigésimo, não dá a mesma sensação do primeiro encontro? Que não arrepia um pedido de namoro, que o coração não se sente em uma cadeira elétrica quando o amado vai embora, que dividir um brigadeiro não é tão bom quanto ganhar na lotofácil? Que acordar com a voz do outro não é como ganhar o dia, que um beijo na testa não faz mais efeito que calmante, que qualquer meio sorriso não é desconcertante? Vai dizer que não é?
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