Tenho que dar um jeito nessas fotos pegando pó na estante. É livro, é jornal e embalagem de pizza, misturados com lembranças cheirando a mofo. Porta-retrato vazio cheio de rostos. Verões e invernos, sempre quentes, agora sempre tão frios. Aroma de café, chiclete no sapato. Engraçadas nossas histórias, mas agora velhas. Acho que nem lembra mais. Admito, só estão ainda pesando sobre a minha estante velha por que me trazem o calor daqueles dias ensolarados, porque iluminam o canto escuro da minha sala e me faz companhia o teu olhar, dentro de todas as molduras nas mais variadas cores e tamanhos, como se seus olhos quisessem me puxar pra dento, mas nem querem... Pelo menos hoje não. Cada noite é um caroço no peito, um filme na mente, vazio no corredor, saudade cavando buraco. Nossa música tocando infinitamente ao longo do dia. Relógio parado, cama pra arrumar. Globo imóvel, eu a rodar. Café da manhã às nove da tarde. Eu e você, nem às treze da noite.
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